quarta-feira, novembro 19, 2003

CTT pagam multa (II)

E porquê de tanta ineficácia no sector postal?
No pós 25 de Abril admitiram-se funcionários aos magotes, um pouco como em todos os sectores públicos. A máquina CTT tornou-se pesada e difícil de gerir. Contudo, este é um sector em que a empresa detem o monopólio pois a sua liberalização só vai acontecer em 2006. Perante esta nova realidade, tornou-se necessário tornar a empresa competitiva - o que já de si diz algo, em Portugal só nos preocupamos com o desempenho das empresas públicas ante a ameaça das privadas.
O caminho escolhido para flexibilizar a empresa foi o mais fácil - reduzir os custos com o pessoal. Os contratos a termo certo não foram renovados e chegou-se à ridícula situação de negociar o despedimento de funcionários que haviam conseguido o vìnculo à empresa há apenas alguns meses.
O resultado não podia ser outro que não a perda da qualidade do serviço prestado. Diminuiu o número de carteiros e de técnicos postais nas EC - e não nos podemos esquecer que os funcionários que melhor desempenho demonstravam eram, precisamente aqueles que a empresa dispensou, aproveitando a precaridade do vínculo.
O que restou? Funcionários perto da reforma com trabalho de sobra e sem paciência para trabalhar, sem capacidade para compreenderem as novas exigências do mercado ou para se adaptarem às introduções tecnológicas que terão que ser feitas. Nos carteiros, a situação é a da falta de pessoal que obriga a um amontoado de horas extraordinárias, inclusivé ao Sábado.
É claro que a empresa teria que fazer algo para se adaptar ao novo contexto. Mas, cortar imediatamente no capital humano mais promissor foi um erro tremendo, até porque há alternativas no que toca à redução de custos e à potencialização de novas receitas.

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