segunda-feira, setembro 12, 2005

O Sargentinho

O debate sobre as virtudes como técnico do seleccionador nacional de futebol tem estado aceso nos últimos tempos. Os frangos de Ricardo, que o impedem de jogar na sua equipa, não são, ao que parece, suficientemente graves para que deixe de ser o titular da nossa selecção.
Mas esta novela já se prolonga desde a chegada do brasileiro a Portugal, já lá vão três anos. Na altura, prometeu preconizar uma renovação no plantel que se materializou, única e exclusivamente pelo afastamento do guarda-redes Vítor Baía da selecção. Deu-se início a um processo indecoroso em que Scolari se limitou a não convocar o portista pelo facto de este ter sido testemunha num processo que opunha António Oliveira à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) - processo esse que culminou com a condenação da FPF e consequente razão do lado pelo qual Baía testemunhou.
É claro que nem o tribunal pôde ajudar à clarividência do seleccionador, tendo mesmo este chegado ao cúmulo de convocar o 3º guarda-redes do FC Porto de então, Bruno Vale, numa atitude claramente provocadora e humilhante para o jogador da actualidade com mais títulos ganhos, a nível MUNDIAL.
Contudo, a imprensa tem protegido Scolari, alegando os “bons resultados desportivos”, resultados que desconheço. É verdade que chegámos à final do Euro 2004 e que estamos prestes a qualificar-nos para o Alemanha 2006. Mas, analisando bem, verificamos que dificilmente teríamos chegado ao Europeu caso tivéssemos que jogar a qualificação – ou é preciso lembrar aqueles dois anos de exibições e resultados vergonhosos, quando não humilhantes? O mau futebol português prolongou-se até ao primeiro jogo do campeonato e teria continuado, não fora o seleccionador ter finalmente percebido aquilo que 10 Milhões de portugueses já há muito sabiam: que Deco, Costinha, Maniche e Ricardo Carvalho eram essenciais e que Figo e Rui Costa teriam que correr caso desejassem jogar.
O torneio lá começou a correr melhor e até o poderíamos ter ganho caso Ricardo não resolvesse abrir o cardápio das fífias na Final, possibilitando a segunda derrota consecutiva contra a Grécia, em apenas três semanas. No jogo contra a Inglaterra, é verdade que o guarda-redes defendeu uma grande penalidade e marcou outra, mas também é um facto que o árbitro foi benevolente ao assinalar como faltoso um golo limpo dos ingleses, em tudo semelhante àquele que o mesmo Ricardo viria a sofrer na Luz, marcado por Luisão.
Se falarmos na presente caminhada para o Mundial, vemos que o apuramento está perto. Mas, diga-se em abono da verdade que o nosso grupo é, no mínimo, bastante macio. E nem assim, as coisas têm sido fáceis. Portugal já conseguiu a proeza de não ganhar frente ao Liechtenstein e, no último jogo, com a Rússia, não conseguiu melhor do que um empate, mesmo jogando 50 minutos contra dez.
Depois ainda há o caso “Figo”. Armado na vedeta que apenas foi em Barcelona, resolveu anunciar que não se iria cansar na fase de qualificação para o Mundial de 2006. E, caso os “galegos” se conseguissem apurar, a “estrela” lá fazia o jeito de jogar a fase final. Isto, se não se lembrasse de, mais uma vez, ir rezar para os balneários a meio do jogo. Acontece que Figo foi parar ao banco do seu clube e anunciou que, afinal, já iria jogar o apuramento, tendo sido, de imediato, convocado. A todo este filme, Scolari o “sargentinho” diz sim e o povo aplaude. E Figo continua convencido que é um grande jogador incompreendido pelos seus treinadores.
Enfim, temos um seleccionador com a mania que é rigoroso e disciplinador, que afronta as gentes do Norte e, em particular, do Porto, mas que se acovarda frente a Gilberto Madaíl a ponto de mais não ser que um mero joguete nas mãos deste.