segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Ainda ao colo?

Será que elegemos um santo ou um herói? Esperei uma semana para poder fazer este post. As legislativas foram dia 20 e, como é natural, na semana seguinte, as crónicas dirigiram-se para ataques ao PSD e loas ao PS e ao seu (já quase beato) líder.
Que é um novo Cavaco; que agora sim, isto vai andar; que já se notam a serenidade e o corte com o pior do Guterrismo; que afinal, ele era o melhor dos ministros de Guterres;…
Enfim, tudo aturei, silencioso, durante uma semana. Agora, mais do que isso? Nem pensar em ficar calado. Denuncio, aqui, o excesso de protecção de que é alvo Sócrates. Relativamente à formação do Governo, que é a única coisa que pode fazer neste momento, ela não está a ser feita “nem na comunicação social, nem pela comunicação social”. É um facto. Mas, e os outros foram-no? Foram sim senhor, mas porque a própria comunicação social especulava até mais não dando como certos nomes de Ministros apenas baseados na intuição de redactores e no faro de editores estilo Zandinga. É claro que tudo isto é normal numa sociedade altamente mediatizada, como é a nossa. O que vai para além da normalidade é essa mesma Imprensa não dar o mesmo tratamento a todos. Posso augurar um longo estado de graça. Tão longo quanto a sua ausência nos governos anteriores.

Dia de Clássico

Por muito que os intervenientes digam que não, hoje é mesmo um dia decisivo para Porto e Benfica. O jogo de hoje pode desempatar as equipas no topo da classificação e lançar um eventual vencedor para a vitória no campeonato.
Ao que tudo indica, o Dragão vai estar cheio para acolher um jogo que há muito começou fora de campo. A troca de palavras tendo por fundo os castigos de McCarthy e Simão serviu para o pontapé de saída do derby – nada que não aconteça sempre.
Do jogo, espera-se que seja um bom espectáculo, que ganhe o melhor e que o melhor seja a equipa da casa.

Arrogância vencedora

José Mourinho alcançou ontem o seu primeiro título pelo Chelsea. Vi o jogo e vibrei com a vitória dos londrinos. Não só pelo treinador e jogadores portugueses, mas pela Imprensa britânica que não parou ainda na sua cruzada anti-tudo-o-que-não-seja-britânico acusando mesmo Mourinho de ser originário de um país de terceiro mundo.
Respondeu Mourinho, e bem, que foi preciso vir ele de tão longe para dar uma vitória que o Chelsea não conseguia há mais de 50 anos.
A Imprensa britânica, aliás, tal como a portuguesa nos tempos de Mourinho no Porto, não conseguiu perceber que os ataques ao treinador e à sua equipa são o balão de oxigénio que permitem a estratégia psicológica que é adoptada. Sem os ataques, seria muito mais difícil moralizar o balneário.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

O Castigo a Simão

Pinto da Costa tem razão: ou Simão (pretenso agressor) ou Alex (pretenso agredido) têm que ser punidos. Se o segundo afirma, agora, que não houve nada, então tem que ver castigado o seu “teatro”. Se há agressão, Simão terá que sofrer o mesmo tratamento imposto a McCarthy ou Seitaridis.

Benfica fora

O jogo de ontem demonstrou que o Benfica não tem estofo europeu. O CSKA não é nenhum papão da Europa e, não fora dois golos mal anulados e o Benfica teria sido humilhado na sua própria casa. Já o Sporting deu uma lição de bola ao Feyenord e aos seus inenarráveis adeptos. Comportamentos como os de ontem só podem levar a uma situação: impedimento de o clube participar em competições europeias. Os adeptos têm que ser dignos do espectáculo.

Campanha Negra?

A propósito das últimas legislativas e face ao estilo de campanha adoptado pelo PSD muito foi dito. Muitas vezes, com razão. Mas, e ante os moralistas da nossa praça e às acusações de que o PSD estaria, através dos seus cartazes, a fazer uma campanha negra, apenas questiono: então e o Bloco de Esquerda, cujo único desígnio foi denegrir os líderes da maioria e em cujos tempos de antena aparecia a estrela (o símbolo do BE) a pontapear Santana Lopes? Será que só eu vi os seus outdoors? Parece que não, mas a gente sabe que aos tais moralistas muitas vezes se lhes tolda a vista impedindo-os de terem a total percepção daquilo que comentam.

Alguém desconhecia o significado de Nacionalismo?

Os adeptos do Barcelona, um pouco à semelhança do que vem acontecendo noutros campos espanhóis, deram uma lição de xenofobia a todos quantos viram o jogo com o Chelsea. Entoando a música com que brindaram, em tempos idos, Luís Figo foram distribuindo insultos pelo treinador e pelos jogadores portugueses da equipa londrina. Para quem não ouviu, aqui vai o que não se cansaram os catalães de repetir: “Hijo de puta es, ese portugues”.

Não confundamos este grupo radical xenófobo e nacionalista com o grosso dos espanhóis. Mas, a verdade é que não podemos deixar de nos preocupar com estas, infelizmente recorrentes, cenas em estádios do país vizinho. E a UEFA terá que compreender que estes comportamentos são puníveis. Que se apliquem os regulamentos.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

A Dois

Segundo esta notícia do NYTimes, Bush considera absolutamente necessário um alinhamento entre os EUA e a União Europeia para tratar a questão do Irão. Este poderá ser um passo decisivo na reaproximação entre EUA e UE, cujas relações foram abaladas devido à intervenção no Iraque.

Durante algum tempo, temeu-se que a questão iraniana fosse tratada da mesma forma que a iraquiana - o que seria um grave erro visto não serem semelhantes as situações. Aqui, a questão terá que ser tratada com pinças, o que é o mesmo que dizer que se terá que agir com base na diplomacia. E quanto maior for o grupo de países envolvidos no protesto face ao incremento do desenvolvimento de armas nucleares no Irão, melhor.

Candidata I

Cada vez mais estou convencido de que foi um erro não ter sido Manuela Ferreira Leite a assumir a presidência do Governo aquando da saída de Durão Barroso.

Dona de uma personalidade imperturbável e de uma competência a toda a prova, pode ser esta Mulher a pôr ordem na casa. A sua apregoada impopularidade é falsa. Tudo bem que tomou em Portugal medidas altamente impopulares quer na pasta da Educação, quer na das Finanças. Mas as pessoas, no fundo, sabem que não o fez por capricho, mas antes por sentir que eram as melhores medidas para o país.

Não assumiu, ainda, qualquer candidatura. Contudo, estou certo que se o fizer, irá corporizar um projecto sério, corajoso e avesso a vãs aspirações pessoais.

Candidato II

Marques Mendes é o político body-boarder mais famoso do país. Dono de uma retórica brilhante e um parlamentar como não há em Portugal, repete a candidatura que já protagonizou em Viseu - na altura perdeu com Santana Lopes para Durão Barroso.

Dizem que é a pessoa ideal para, do Parlamento, conduzir uma forte oposição ao PS. Mas, pergunto eu, será que é um rosto que já vem dos tempos de Cavaco Silva que vai operar as tremendas mudanças que se exigem?

Candidato III

"Elitistas, sulistas e liberais". Foi assim que num já famoso Congresso em Lisboa, Luís Filipe Menezes viam com maus olhos os que, do Porto tentavam ganhar ascendência política.

A sua candidatura ao PSD já nem sequer é levada muito a sério. Excelente autarca em Gaia, a verdade é que a sua carreira política no PSD é feita de muitos altos e baixos. Sucessivas contradições e mudanças de posição constantes são avessas ao espírito de tranquilidade de que o partido tanto precisa. Não acredito que seja ele o Homem.

Saiu

Santana fez o que lhe competia. Pelo que aqui já disse, não restava outra solução. E o facto de o não ter feito logo na noite eleitoral pode ser significado de serenidade - aquela de que o PSD tanto precisa.

Deixou de ser uma bênção?

Numa iniciativa curiosa, a Universidade Lusófona com a colaboração da Força Aérea Portuguesa, vai tentar provocar chuva em zonas do interior.
Será a ciência, de vez, a sobrepôr-se às competâncias divinas?
Aqui fica a notícia.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Santana ficará?

Ao contrário de portas, que tomou a decisão sensata de se ir embora, Santana Lopes apenas anunciou a convocação de um Conselho Nacional e de um Congresso Extraordinário. Será que ele vai tentar manter-se à frente do PSD?
Depois desta derrota eleitoral não poderá haver líder que resista. O povo, em massa, rejeitou esta equipa. Há que haver fair-play e compreender que um resultado destes não é só fruto da conspiração montada pela comunicação social.
O PSD merece uma nova direcção, moderna e capaz de preparar, enquanto é tempo, os próximos combates. Aqui vai o meu contributo: que tal, Manuela Ferreira Leite?

Estrondosa Vitória

Que dizer da vitória de Sócrates? É absoluta e atira o PSD para um dos seus piores resultados de sempre. Muitas são as formas de olhar para os resultados, mas não consigo deixar de entender esta votação massiva no PS como um voto de protesto pela governação PSD-PP que ficou a meio.
O PS de Sócrates não merecia a vitória e não a teve por mérito próprio. Antes aproveitou a benesse/frete que lhes foi concedida por Jorge Sampaio e preocupou-se em, nada dizendo, não perder qualquer dos votos dos descontentes. Nada de ideias para o país, nada de pessoas que irão integrar o Governo, nada.
É por isso que vivemos neste quarto escuro. Que podemos esperar do próximo Governo?Ontem, na declaração de vitória, Sócrates já tropeçou. Dirigiu-se a quem o elegeu e não a todo o eleitorado. Tratou-nos por “camaradas”(!?) e chegou a ser arrogante. Espero que este tenha sido apenas um percalço de principiante. Mantenhamo-nos atentos.

Regresso (Prometido)

Após os exames e uma intensa campanha, aqui volto. Espero que desta vez seja mesmo para uma presença assídua. Vamos ver.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Campanha morta

Esta campanha eleitoral tem sido sofrível. Os partidos não falam com medo de perder eleitorado e avançamos nesta sensaboria sem fim. De qualquer modo, foi feito o tal debate a dois: aquele a que Sócrates queria fugir. Saiu vencedor Santana Lopes. Só não viu quem não quis, que é como quem diz, a comunicação social. Salvo raras excepções, atribuíram um empate. E tentaram escamotear o óbvio: o candidato socialista não está preparado nem tem perfil para Primeiro-Ministro. Mas, pelos vistos é o que agrada aos interesses…

Marcelo outra vez?

Desta feita, é o PS quem vem reclamar contra as crónicas do professor. Ou seja, lembram-se de Rui Gomes da Silva e das suas declarações que foram interpretadas como uma tentativa de saneamento político do analista? Pois bem, na altura nada mais foi dito senão que “não era correcto que alguém tivesse tão alargado espaço de antena para opinar sobre o que quisesse sem direito ao contraditório”. Sócrates, há dois dias, e reagindo à notícia que dava conta da ida de Marcelo para a RTP já fez saber da necessidade de se assegurar o pluralismo. Aquilo que foi criticado em Gomes da Silva passou agora despercebido à comunicação social – como tanta outra coisa, aliás.