O episódio do processo disciplinar interposto a Fernando Charrua, funcionário da DREN, constitui um acto censório, inaceitável e inédito no Portugal pós 25 de Abril.
Ao que parece, o processo, que já teve o efeito de suspender Charrua, tem que ver com uma piada que este disse a propósito da (alegada) licenciatura de Sócrates. Convém saber que o fez no recato do gabinete, não numa cerimónia pública, ao contrário do Ministro Mário Lino. Charrua teve o azar de ter por perto uma funcionária zelosa, graxista, mais que pidesca e desprovida de escrúpulos que se apressou a participar o episódio. Quem, dos portugueses, não brincou já com as hailitações do Primeiro-Ministro? Nem durante o Estado Novo o humor era assim punido.
Fernando Charrua, professor de inglês, era funcionário da DREN há 20 anos. Foi deputado à Assembleia da República e tem feito um notável trabalho sempre na área da Educação. É, partir de agora, a primeira vítima de um processo de delito de opinião da democracia portuguesa.
Este caso, que começou a ecoar nos blogues, passou a ter expressão no Jornal de Notícias há alguns dias. Só hoje a RTP se referiu a ele, mas o também zeloso jornalista, terminou a peça afirmando "ter Charrua já falado demais".
O lápis azul, ao menos era assumido. A censura deste governo é cobarde, e dirige-se a um ponto sensível - o emprego, que cada vez mais é um bem raro.
4 comentários:
é de facto muito estranho este caso... ainda não consegui perceber muito bem como tudo se passou, mas já deu para perceber que os meios de comunicação social não deram grande caso, ouvi apenas falar disto ontem no jornal da rtp....
Hoje já houve mais. Até o nosso PR já veio pedir que se resolva depressa o que ele apelidou de "mal-entendido".
Obviamente que não posso comentar o acontecido, sob pena de ser suspeita de alguma função. No entanto, ontem na home page do sapo fazia a seguine questão " Fez alguma piada sobre a licenciatura do PM? ( era mais ou menos isto)o resultado foi uma esmagadora vitória do sim. A ser verdade a perseguição política e a opressão política temo pelo posto de trabalho de muitos portugueses...
digo suspensa e não sspeita...
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