terça-feira, maio 15, 2007

Deixemos de pagar impostos!

É só o episódio mais recente: o programa de apoios públicos para o triénio 2007-2009 a projectos turísticos será concedido apenas em áreas consideradas estratégicas. E quais são essas áreas? Lisboa, Costa do Estoril, Algarve e Madeira.

David Pontes, do JN, afirma, a propósito no editorial de hoje que nós, no Norte, podemos andar distraídos, mas não somos parvos. Eu discordo. Acho que andamos distraídos e que só podemos ser parvos. Admitirmos, desta forma serena e calada, todos os ataques que nos têm sido desferidos não abona nada a nossa inteligência colectiva.

Bem sei que nos falta um líder, talvez eleito para ter legitimidade, como defende Miguel Cadilhe. Mas onde pára a força do povo? Por onde tem andado a consciência destemida da população nortenha? Perdemos o espírito inconformado que na história sempre nos caracterizou?

Mais do que calados, temos estado submissos. Ontem, ao mesmo tempo que se anunciavam as prioridades para o Turismo, o governo ainda lembrava que as SCUT do Norte têm que começar a ser pagas ainda em 2007 - não há tempo a perder.

Custa-me, além dos prejuízos que advêm da assimetria crescente, que este governo seja protegido. Admito que algumas vozes tenham medo, pelos seus empregos, preferindo calar a expressar indignação e arriscar represálias, mas não aceito. Assim como não aceito que a esquerda nortenha, excepção feita ao deputado Honório Novo, se cale quando devia falar. Vivemos num clima de complexo da inferioridade e da ditadura do politicamente correcto onde se considera provinciano defender uma região, mesmo quando está em causa a morte dessa mesma região.

A Região de Turismo do Douro, ainda sem estratégia porque este governo engavetou o Plano que lhe foi apresentado, vai receber zero até, pelo menos, 2010. O Alto Douro Vinhateiro é Património da Humanidade e, segundo consultoras internacionais, tem um enorme potencial na atracção de turismo de qualidade - para o governo não. Enquanto isso, a região vai deprimindo pelo crescente desinvestimento e abandono.

A minha sugestão é simples: o governo não está a utilizar a receita dos impostos segundo o princípio da redistribuição da riqueza. Como tal, devemos suspender as nossas contribuições até que a situação se regularize. Elevemos a nossa voz, deixemos de pagar impostos e talvez os governantes deixem de se rir de nós.

16 comentários:

Anónimo disse...

Eu confesso que acendi um incenso e uma velinha quando reli com mais atenção o post. A revolta até se pode entender, oq ue não se pode entender é como alguém pode insuniar que se deixe de pagar impostos. Faz-me lembrar uma situação de greve de fome relacionado com um queijinho ( desculpa não resisti à comparação!).
Mas já que colocas esse não pagamento em questão eu faço outra, o jovem onde pretende ir buscar dinheirinho para investir em o que quer que seja se não se pagarem os impostos??? A não ser que a ideia seja aumentar ainda mais a nossa divida externa ( que ja vai nos 80%)e pedir uns emprestimos para subsidiar investimentos... to be continued

Marco disse...

Ui, pensei que havia divergência de fundo, mas afinal o que se passa é a tua preocupação em arrecadar dinheiro para continuar as políticas centralistas. É claro que a questão dos impostos é paródia. Se não pagar agora, pago mais tarde, com juros e multa. É que o Estado tem uma coisa que eu não tenho: "ius imperium".
Mas o fundamental do post, é tudo o resto. E isso é que eu gostava de te ver discordar.

Anónimo disse...

Então agora escreves posts para eu discordar? está bem, eu também pus um to be continued no outro, logo é sinal que pretendo continuar...

Marco disse...

Claro que não, mas, dado o teor do post pensei que fosses discordar do conteúdo e menos da forma.

Anónimo disse...

Ora bem, agora é que é a valer. arranjei tempo, e neurónios para reflectir convenientemente. Quanto às zonas estratégicas concordo em parte. São zonas do país onde o turismo está muito implementado na cultura e na economia, faz sentido apostar nesse sector e dar-lhe incentivos. Quanto ao norte, noto no discurso uma tentativa de vitimização, de nos fazermos parentes pobres, os zès povinhos do país.Não, não somos. No entanto acho que o Norte não tem tido uma postura correcta, o Douro já é patrimonio mundial há muito, não obstante os projectos tendem a adormecer no Douro, ou quando nascem morrem na primeira infância. Falta audácia e tenacidade, e isso não se ganha com só com apoios publicos.
Para terminar,e relembrando uma questão que já "discutimos " anteriormente, o texto faz-me reacender a questão da regionalização.
E agora para terminar mesmo, lembra-te que é bom que não sejamos mais papistas que o papa ;)

Anónimo disse...

Douro parte II
Porque será que o governo " engavetou o plano"? Vamos lá pensar...quem apresenta o plano?

Anónimo disse...

Tenacidade do povo.
Vivemos em democracia, é um facto. Os eleitos, são eleitos pelo povo, logo...
Mais uma coisa, vamos lá ver quantas camaras há de maioria Ps no Norte...
E Psd? Gostava de saber...

Marco disse...

Bem. Isto vai ser duro porque não encontro um ponto, por pequeno que seja de convergência.
Primeiro, as áreas estratégicas são as que são. Não tenha nada contra nenhuma, só não posso aceitar é que os apoios se cinjam a elas - percebe: as outras, estarão 3 anos sem receber NADA!
Depois, o Alto Douro Vinhateiro foi elevado a património mundial da UNESCO em 2001, a mais recente classificação portuguesa, tirando Guimarães. Quanto aos projectos que "tendem a morrer", seria para rir se não fosse trágico. A iniciativa privada tem vários projectos à espera de aprovação, sem fim à vista, porque o governo engavetou anos de trabalho sério nm Plano Turístico para o Vale do Douro. Os projectos só não existem porque o governo não quer!
A "vitimização": o Norte é a região mais pobre da UE a 15, tem a mais elevada taxa de desemprego nacional, é a que mais sofre com políticas centralistas deste governo, foi a que viu o investimento público, em sede de PIDDAC a descer mais. Claro Fábia, eu é que tenho a mania da perseguição.

Anónimo disse...

Estou a tentar perceber se me esqueci de algum ponto... ah sim, as scut...Talvez seja o único ponto que concordo. Parcialmente.Acho bem que se paguem os serviços.Não acho bem que se paguem serviços que foram anunciados gratuitos. Mau passo do ps. ( Está um discurso marcelista, repara como sou polivalente).
E acho que respondi tambem á questão da esquerda nortenha, a esquerda nortenha não está morta, o norte não está morto, estamos só em blackout...

Anónimo disse...

Bem não sei se reparas-te mas hoje ainda não fiz mais nada a não ser trocar " petardos" contigo... Bem, ok cá vamos nós outra vez...
Quanto aos 3 anos sem cheta, eu percebi isso, acho trágico , mas são opções estratégicas... Quanto aos planos privados do Douro, bem aí o caso muda de figura. Conheço dois casos desses. Que tiveram o apoio do governo ( e uma gestão particular dos dinheiros do estado de bradar aos ceús) que acabaram, um por ficar literalmente ao abandono e o outro vendido em hasta pública! E esta hein??? Outra coisa, os projects apresentados, alegadamente eram altamente rentáveis...

Anónimo disse...

Norte parte II
A taxa de desemprego aumentou. è um facto. È a taxa mais alta é outro facto. Mas não se deverá ao facto de ser a zona do país mais habitada, com mais industria, que graças a factores de diversas ordens se viu obrigada a fechar portas???
Sejamos coerentes. O norte detém a maior parte da industria do país...

Anónimo disse...

ah... e as politicas centralistas deste governo ahahahahah não me faças rir...

Anónimo disse...

Uau com este 13 posts... tens de escrever mais posts destes, mas por tópicos que é melhor para a organiza~ção mental eheheh

Marco disse...

Não. Eu respondo direitinho, para facilitar.

1. Contar as câmaras PS e PSD não nos leva a nenhum lado, acho eu. A não ser que entres pela dicotomia "se corre bem, obrigado sr. governo, se corre mal, malvados sejam os autarcas";

2. SCUT: sou favorável ao princípio utilizador-pagador. Mas, se é um princípio, tem que ser aplicado universalmente. As 3 SCUT que vão deixar de o ser nascem e morrem, todas... no Porto;

3. Plano Turístico para o Douro: encomendado pelo governo, pago por todos nós. Custou a feitura de uma comissão, milhares de euros e resultados que convem esconder porque deitariam por terra as estratégias (que dizes essenciais mas chamas-lhes "trágicas"!?) para o sector do Turismo;

4. Dizes que conheces 2 projectos privados apoiados que foram "desatrosos". Pois, eu também conheço. Mas, aqueles que eu conheço foram apoiados pela UE e não pelo governo, o que não é igual, e não desculpa. E conheço projectos falhados em todo o país. Esse argumento é inócuo, já que não existe nenhum estudo que demonstre que a região de Trás-os-Montes e Alto Douro, em particular, não saiba aplicar os apoios que recebe;

5. Falei de taxa de desemprego, e não em valores absolutos. Logo, ser mais ou menos populoso não afecta em nada. 10% de desempregados é igual a 10 pessoas activas desempregadas por cada 100, no Porto, no Funchal, ou na Pontinha. Por outro lado, o Norte já não é a região mais industrializada do país, longe disso, é antes a região mais deprimida. Ainda te ris quando digo que este governo tem políticas centralistas: não percebo porquê já que são opções que custam empregos, subsistência e qualidade de vida a milhares de portugueses. A não ser que as não entendas como centralistas, e aí estarás a discordar de 9.999.999 portugueses - já reparaste que até o governo assume a sua estratégia: daí a necessidade de não ser mais papista que o Papa;

6. Se a esquerda nortenha está em "blackout", então que se assuma como tal. É preciso que o povo saiba que há um lado do espectro político que não se interessa pela resolução dos seus problemas. Isso justifica a sua extinção...
Enfim, penso que respondi a tudo. Se não, diz-me. É que não me canso de defender o Norte, não entro em blackout e, se em outras causas mantenho reservas na sua defesa, nesta, nem um milímetro recuo.

D. disse...

por um lado é bom que não venham cá para cima encher tudo de hotéis que estragam paisagens e trazem fachos cá para a zona. ainda bem que também deixam o Alentejo de fora, a ver se acaba a destruição da costa vicentina a tempo.

Anónimo disse...

Para que não digas que o Norte é esquecido,foi inaugurado hoje o primeiro centro de mobilidade do país... imagina onde... No Porto...