sexta-feira, junho 29, 2007

Mais uma

Agora foi a Directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho a ser exonerada por (nem sequer chegou a ser) delito de opinião. E digo "nem chegou a ser" porque no caso, a directora limitou-se permitir que se publicasse no seu centro a opinião do Ministro da Saúde quando este admitiu, em entrevista a um jornal, que nunca tinha ido nem nunca iria a um SAP. Ora, um médico do centro de saúde fotocopiou o artigo e afixou-o. Não teria havido consequências disso não fosse aparecer, como apareceu, um pidesco socrático que logo se apressou a fotografar a vitrina e remetê-la ao Ministério da Saúde. Resultado, quase imediato: exoneração da sra. directora por "já não reunir condições para exercer o cargo".
A mim já me vão faltando palavras. Sei, hoje, o que é viver num clima de medo generalizado. Sei, hoje, o que é medir as palavras e as pessoas que nos rodeiam. Imagino, agora, o que sentiu Portugal durante os quase 50 anos de ditadura. Vejo, por estes tempos, o que é ser governado por um autoritariozeco armado em playboy que nada faz em prol do progresso dos portugueses. Bem sei que quem lhe antecedeu fez asneiras até dizer chega, mas, a bem da verdade, metade do que fez Sócrates valeu-lhe a demissão.
Ah, é verdade. Entretanto, para substituir a anterior Directora foi nomeado um Vereador da Câmara Municipal de Ponte da Barca. E Vereador de que partido? Vejam lá se adivinham. Uma pista: reúne todas as condições para ser mais um comissário político do Governo...

4 comentários:

Anónimo disse...

sao sortes. E mais não digo ;)

Anónimo disse...

Mas se fosse a ti, e se tens alguma aspiração a ter algum cargo de jeito tinha tento na lingua... o diabo é tendeiro eheheh

Marco disse...

Pois, já tive alguns cargos, todos de jeito. Actualmente sou vogal na minha Junta de Freguesia, com bastante brio e orgulho. Mas uma certeza tenho - não farei nunca cedências em matéria de consciência. Mesmo que, para isso, sacrifique cargos tidos ou a ter. É uma questão de estômago - há quem o tenha volátil, eu não.

D. disse...

eu não tenho medo em usar as palavras. o direito protege-nos de imbecis ditadores. o que temos é de provocá-los. ehhee