Hoje, e no conjunto dos jornais da RTP1 e da RTP2, foram dedicados 30 minutos de horário nobre à inauguração do Museu Berardo. Que a colecção tem nível (nacional) não há dúvidas; que Lisboa precisava de um impulso nesta área, de acordo. Agora, perder tanto tempo com aquilo que não é mais do que a inauguração de uma ala do CCB agora transformada em depósito da colecção Berardo parece-me propaganda.
No directo para o Telejornal, José Sócrates afirmou que, antes deste novo "museu", Portugal não "estava na rota da arte contemporânea, que acabava em Madrid". É mais uma das declarações sem-vergonha do nosso PM que, além de uma tremenda imbecilidade, revela um profundo desconhecimento do país que governa.
Senão vejamos: esta ala do CCB servirá para acolher a colecção Berardo, esperando o director do Museu "renovar algumas peças de 6 em 6 meses(!?)". Esta ala do CCB espera receber 400.000 visitantes anuais.
Ora, se fizermos o exercício simples de comparar esta ala com a imensa produção da Fundação de Serralves e do seu Museu de Arte Contemporânea, facilmente perceberemos porque apelido de imbecis as declarações de Sócrates. Eu percebo que seja necessário publicitar como bom este negócio do Estado com Joe Berardo. Não se pode é dizer que é com o tornar acessível esta colecção sem nível europeu que se estará a colocar Portugal na rota da arte contemporânea.
Razão mesmo tem o Administrador da Fundação de Serralves que, há tempos, em entrevista ao Público, e quando questionado sobre a bondade do negócio da compra da colecção disse: "foi um excelente negócio... para Joe Berardo". Seria de rir, se não fosse o dinheiro de todos nós a possibilitar tal negócio.
8 comentários:
joe berardo é o homem do momento e contra isso nada podemos fazer. enquanto a sua imagem tiver para vender, os media vão continuar a comprá-la...
Pois é. E ele farta-se de falar mal de tudo e todos - ora é o Jardim Gonçalves, ora é o Rui Costa, hoje foi o Mega Ferreira...
Pois é, fala fala fala mas também faz faz faz... é incontestavel o peso que o homem tem na bolsa, as suas iniciativas culturais e a ajuda como mecenas que tem dado a muitos artistas... qd lhe perguntaram se não preferia investir na america, disse que preferia fazer algo bom pelos seus patricios... È louvavel a vontade férrea deste senhor que não apareceu á 2 dias na economia portuguesa e que fez fortuna com o proprio suor e inteligencia... Nunca vi o sr. Jardim Gonçalves fazer um terço do que Berardo faz pelo país... Que venda muito e que "venda" o país!
Pois, não tenho tanta certeza disso. Jardim Gonçalves, pelo menos, criou emprego ao criar um Banco - o maior banco privado português. Joe Berardo, o que fez? É um especulador puro - faz dinheiro com a sua participação em partes de capital. É legítimo mas não é o tipo de empresários que gosto de ver actuar - prefiro os empreendedores, criadores e geradores de emprego.
Depois, achar que o homem é um mecenas... O homem conseguiu convencer o nosso governo - de nível paroquiano - a alojar e disponibilzar ao público a sua colecção de arte. Eu não sou especialista, mas os que são dizem que a colecção nem sequer se coloca nas 50 melhores da Europa. Logo, toda esta manobra de propaganda, mais uma, serve para vender aos portugueses gato por lebre. Sempre quero ver quantos estrangeiros virão, de propósito, a Portugal para ver a colecção. Lembro que, em Serralves, isso é normal acontecer. Mas, em Serralves, temos homens a sério, caso de António Pinho, o Presidente da Fundação que, a troco de zero euros, tem catapultado Serralves para o roteiro da arte contemporânea europeia. Isso sim é fazer alguma coisa por Portugal.
Cuidado que o Sr. Socrates anda muito sensivel. O blogueiro que ousou por em questão a sua licenciatura ( coisa que mais ninguém fez) levou com um processo em cima. E olha que nem lhe chamou imbecil. Põe-te a pau!!!
Este Sr. Berardo tem uma sede de protagonismo terrivel. O homem é capaz de tudo para aparecer. Como ninguém lhe estava a dar a projecção que entendia que merecia, há que inventar uma OPA, insultar algumas pessoas,e numa altura mais que estrategica, ou seja nas vesperas da inauguração da sua colecção. Não tenho duvidas que se não tivesse montado o circo antes, as televisões não lhe tinham dado tanto tempo de antena, agora na inauguração.
Reservo-me o direito de discordar. Tenho uma visão diferente, conheço as obras da fundação Berardo e devo dizer ( por uma leiga que estudou artes) que são bastante boas e muito diversificadas, mas quem sou eu para dizer isto ou aquilo, apenas expressei a minha opinião, e para mim especulador ou não, mecenas ou não mete muitos empresários "porteguesinhos" num bolso porque faz a diferença, investe também na cultura.
E afinal quem seria Gulbenkian se não tivesse criado uma fundaçao se não tivesse "dado" tanto à cultura e à investigação portuguesa? Talvez mais um ricalhaço que tinha deixado uma boa herança oas seus herdeiros. Mas pronto, este é apenas e só o meu ponto de vista.
Podes sempre discordar, Fábia. Bem sabes que até prefiro a discussão a outra coisa qualquer. Mas, comparar Calouste Gulbenkian a Joe Berardo é, digamos, como comparar Baía a Ricardo. Digamos que só um dos 2 é que tem classe. E quanto ao que disseste sobre o investimento na cultura, acho que tens razão e essa é a principal diferença entre Berardo e Gulbenkian. Um fez uma colecção para depois a vender - valorizada diga-se - ao Estado; o outro fez uma colecção bem maior e mais importante, juntou-lhe mais, muito mais dinheiro e doou tudo ao Estado. Penso que a diferença é clara.
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