Os portugueses estão cada vez mais amorfos. Esta é a conclusão a que chego quando percebo que as pessoas estão cada vez menos receptivas à franca discussão. Se os nossos governantes, por um lado, nos não reconhecem a capacidade de debate e decisão - caso da ratificação do Tratado de Lisboa - a verdade é que nós próprios, cidadãos comuns, nos estamos a demitir desse dever cívico que é a promoção do debate e da discussão.
Pessoalmente, gosto de uma boa discussão, minimamente fundamentada e com alguma quezília à mistura. Mas essa minha tendência para a pequena agitação e para a provocação raramente é bem recebida. Frequentemente, os destinatários se ofendem, quais flores de estufa, ao meu primeiro arremesso e não dão continuidade àquilo que poderia ser uma discussão acesa ainda que muitas vezes estéril. É claro que ainda consigo encontrar, localizados, interlocutores que me batem aos pontos, quer em sabedoria, como em capacidade de argumentação bem como em argúcia. E é com esses que gosto mais de discutir, pois sempre aprendo alguma coisa. Quando arrisco, porém, uma pequena discussão com gente que desconheço, normalmente recebo uma resposta que, desde logo anuncia o fim da conversa. Atribuo isto à cobardia, mas também pode ser comodismo; prefiro não pensar numa outra hipótese: a de que sou uma presa tão fácil que não mereço o esforço.
1 comentário:
isto porque bom português sabe que "eu sozinho não posso mudar as coisas, por isso nem vale a pena estar a perder tempo com o assunto".
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