Já sei que não passa de um concurso televisivo e que, mesmo em países como a Inglaterra ou Espanha, os resultados traduziram um certo escândalo se vistos com bom senso. Mas, acho mesmo que vale a pena dar atenção ao fenómeno.
Quase metade dos votantes que pagou para ter uma opinião (não votei em ninguém) esolheu o "botas" de Santa Comba. Ironia das ironias, já Ricardo Araújo Pereira tinha chamado a atenção, foi eleito quem sempre fugiu à democracia. A verdade é que o resultado não foi tão difícil de prever quanto isso: em post aqui publicado a 27 de Outubro já fazia eu essa estimativa.
O resultado em si traduz, em grande parte, uma das últimas "obras" de Salazar - a falta de educação que nos legou permite que o comum dos tugas não faça a mínima ideia de quem foi D. João II, para além de rei, nem sequer foi sensibilizado para a beleza da Mensagem de Pessoa. Um povo culto, para Salazar, era "ingovernável", pelo que distribuiu o analfabetismo com mãos largas e consequências agora visíveis.
Mas, a análise dos resultados não se devem quedar pelo vencedor. Álvaro Cunhal ter ficado em segundo, mesmo no top ten, é sintomático de que houve um eleitorado comunista que, tão militante como os outros, desatou a votar nele para contrapôr os votos em Salazar. É inegável a tenacidade e a crença naqueles que foram os seus princípios numa era bem localizada no tempo. Mas, daí a ser considerada a segunda figura de proa do nosso país...
Pensemos assim: ao receber um turista estrangeiro, iria falar-lhe de Salazar ou de Cunhal? Ou antes do inventor do mundo globalizado D. João II ou do nosso grande poeta Camões? A resposta para mim é óbvia, e fica por cá a discussão.
Quase metade dos votantes que pagou para ter uma opinião (não votei em ninguém) esolheu o "botas" de Santa Comba. Ironia das ironias, já Ricardo Araújo Pereira tinha chamado a atenção, foi eleito quem sempre fugiu à democracia. A verdade é que o resultado não foi tão difícil de prever quanto isso: em post aqui publicado a 27 de Outubro já fazia eu essa estimativa.
O resultado em si traduz, em grande parte, uma das últimas "obras" de Salazar - a falta de educação que nos legou permite que o comum dos tugas não faça a mínima ideia de quem foi D. João II, para além de rei, nem sequer foi sensibilizado para a beleza da Mensagem de Pessoa. Um povo culto, para Salazar, era "ingovernável", pelo que distribuiu o analfabetismo com mãos largas e consequências agora visíveis.
Mas, a análise dos resultados não se devem quedar pelo vencedor. Álvaro Cunhal ter ficado em segundo, mesmo no top ten, é sintomático de que houve um eleitorado comunista que, tão militante como os outros, desatou a votar nele para contrapôr os votos em Salazar. É inegável a tenacidade e a crença naqueles que foram os seus princípios numa era bem localizada no tempo. Mas, daí a ser considerada a segunda figura de proa do nosso país...
Pensemos assim: ao receber um turista estrangeiro, iria falar-lhe de Salazar ou de Cunhal? Ou antes do inventor do mundo globalizado D. João II ou do nosso grande poeta Camões? A resposta para mim é óbvia, e fica por cá a discussão.
1 comentário:
Li e gostei. Do eleito dão-me arrepios ( e nasci muito depois do 25 de Abril), no entanto devo fazer um reparo, hoje em dia já não podemos falar tanto de analfabetismo ( pelo menos no sentido de não saberem ler) mas de analfabetismo funcional. Apesar de saberem ler ( mais ou menos bem) os portugueses continuam ignorantes, e é essa ignorancia que tende a permanecer ( até mesmo em meios supostamente eruditos como as universidades. Resta saber por quanto tempo ainda vamos colher as sementeiras do "melhpr portugues de sempre"...
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