Que tal um Debate da Nação?

Simão Sabrosa saiu do Benfica - o país parou com as aberturas dos telejornais, primeiras páginas e reportagens em directo desde Madrid, para não falar nos inúmeros inquéritos de rua. Foi "a transferência do ano".

Pois bem, esta foi a transferência de um jogador do 3º classificado português para uma equipa uefeira espanhola, por 20 milhões de euros. O campeão português transferiu para o campeão espanhol um dos melhores jogadores da Liga passada por 30 milhões, mais 50%. Por mais ainda, saiu Anderson para o campeão inglês. Não me lembro de nenhum dos casos ter dado 1/3 da celeuma - mas é ao que já estamos habituados.

Estaline?

À boa maneira da melhor propaganda, Francisco Louçãontem, voltou a dar um bom exemplo de como fugir ao essencial através do acessório, de como esconder uma dura verdade por detrás de de faits divers.

A propósito das eleições em Lisboa, o bloquista fez uma intervenção de fundo: "foi uma catástrofe das direitas". É um facto, tanto PSD como CDS tiveram resultados maus que já estão a produzir consequências. Mas, não caberia a Louçã assumir também a derrota do BE? O seu candidato perdeu expressão quer em número de votos, quer em termos percentuais. Foi apenas o 6º candidato mais votado, ficando atrás de ambos os independentes, e quedou-se a milhas do candidato da CDU. Ontem, era importante que alguém assumisse essa derrota - em vez disso, a cara de pau do candidato e do coordenador do seu partido.

Agora, a minha análise - os lisboetas souberam responder a Sá Fernandes pelos inúmeros prejuízos que este lhes causou pelo disparate "justiceiro" de embargar as obras do Túnel do Marquês.

Where else?

Sócrates disse ontem que quer que o Tratado da UE se chame Tratado de Lisboa, tendo que ser, para isso, assinado na capital.

Acho que sim. Já na nossa anterior Presidência, o documento mais importante a ser produzido ficou conhecido como a Estratégia de... Lisboa. Acrescentou ainda Sócrates que, dessa forma, estariamos perante uma "bonita tradição". À parte esta pieguice efeminada, o sinal que o nosso PM dá é o de que, em Portugal, existe Lisboa, só.
Em anteriores momentos fundamentais da vida da UE, assinaram-se tratados importantíssimos em Maastricht e Nice, 2 cidades não capitais e que, nem por isso, deixaram de poder figurar na História. Mas, Portugal, este provinciano país governando por um deslumbrado do Parque Eduardo VII, só pode dar Lisboa a conhecer ao mundo. O resto, o deserto, não importa mostrar.

Vá você, Sr. Ministro

Em visita à lota de Matosinhos, Jaime Silva, Ministro Português da Agricultura e Pescas, acompanhado do Comissário Europeu da tutela, viu os pescadores reclamarem face ao "tratamento" que a UE lhe tem dedicado.

Ante os protestos, legítimos diga-se, Jaime Silva atirou-lhes "Peça para sair da UE!". Ou seja, o nosso Ministro vê como única saída para a tremenda crise em que se encontram as nossas pescas a deslocalização...

Esta é mais uma tirada irresponsável e até insensível de mais um Ministro deste Governo. Já vi pedirem desculpas por menos.

Entretanto, multiplicam-se as trapalhadas das demissões para colocação de comissários políticos em lugares de chefia. Vale-nos que o povo está a perder o medo. É preciso denunciar o projecto de poder pessoal autoritário do nosso Primeiro-ministro.