O Bessa não encheu. Estão a jogar Leixões contra Benfica para a Taça de Portugal. A ver o jogo, ao vivo, não estão mais de 12000 pessoas, ou seja, o estádio está a meio gás.
Fico contente que assim seja. Os clubes mais pequenos estão a vender pedaços da sua alma quando abandonam os seus estádios em busca de uma parca maior receita. Não está provado que estádios maiores signifiquem mais dinheiro e nem sequer compreendo como pode um clube abdicar da mais-valia desportiva que jogar em casa constitui. Em campo neutro, dilui-se o factor casa e aumentam as probabilidades de insucesso. Numa competição como a Taça, que é a eliminar, aumentam as probabilidades de o clube não fazer mais jogo nenhum, perdendo a receita do seu ou de outro estádio qualquer.O jogo deveria ser no Estádio do Mar e o Leixões já está a perder – estará a ter o que merece.
quarta-feira, outubro 26, 2005
Pseudo-economia clubista
Estabilidade atrasada
Ora, ou sou que ando a dormir ou foi Cavaco quem, no passado dia 20 já se tinha assumido como acérrimo “defensor da estabilidade governativa”. Soares é que andou a reboque de Cavaco, não tentem construir o contrário.
A propósito de Soares, enviaram-me, há dias, um mail onde se lia que, supostamente, os terrenos onde será construído o aeroporto da Ota pertencem ao ex-Presidente da República. A ser verdade, era um assunto sobre o qual os portugueses deveriam ser esclarecidos. A ser verdade, estou a ver em troca de quê quer ser candidato, e em troca de quê Sócrates o quer como Presidente – é ou não um grande pacto de estabilidade?
terça-feira, outubro 25, 2005
o Benfica e a UEFA
A UEFA é bem capaz de decidir a favor dos encarnados. O organismo europeu de futebol é perito em arranjar excepções à regra que ele próprio criou - veja-se o caso do Liverpool e a sua participação na Liga dos Campeões, este ano.
sábado, outubro 22, 2005
A Pandemia
A gripe das aves chegou a Inglaterra fazendo já uma baixa: um papagaio. O vírus H5N1 aproxima-se do coração da Europa e não tardará que chegue ao nosso país. Se já é uma certeza que o vírus sofrerá uma mutação que lhe permitirá passar de humano para humano, possivelmente a pandemia irá começar a produzir efeitos antes do inicialmente previsto. Portugal recebeu, para já, 1100 doses de Tamiflu, o medicamento que servirá para tratar a doença. Esta remessa destina-se aos funcionários que procederão às operações nos primeiros aviários afectados. O grosso das encomendas (2,5 milhões de doses) do dito fármaco, e destinadas à população em geral, só chegarão em Janeiro de 2006.
Entretanto, já todos vamos sendo afectados pela gripe – contagiados pela comunicação social que não se tem cansado de nos tratar da saúde…
New Look
Sumarérrimo
quinta-feira, outubro 20, 2005
Fim
Hoje Cavaco Silva anunciará, finalmente, a sua candidatura presidencial. É caso para dizer: já não era sem tempo.
Não sei o que me irritava mais: se o persistente silêncio de Cavaco sobre algo que, aos olhos de todos, era óbvio; se as irritantes perguntas dos jornalistas quando todos sabíamos que iam ficar sem resposta.
É o fim do tabu (se é que existiu) e da chinfrineira em torno dele – there is a God.
Balão de oxigénio
A vitória do Porto por 2-0 sobre o Inter veio conferir à equipa e ao seu treinador um precioso balão de oxigénio Numa altura em que os lenços brancos já eram uma realidade, Co Adriaanse resolveu mexer na equipa e, honra lhe seja feita, pô-la a jogar melhor. As entradas de Pedro Emanuel, Marek Cech e Paulo Assunção tornaram a defesa e o meio campo um pouco mais consistentes – no entanto, continuam a ser notórias as fragilidades defensivas do Porto. Enquanto tiverem que ser utilizados jogadores como o Bosingwa a defesa direito ou o Pepe, nunca Baía terá descanso.
No próximo fim-de-semana a equipa desloca-se ao Nacional, 2º na liga. Será mais um decisivo teste à carreira do porto e do seu treinador e, já agora, uma oportunidade para pontapear a crise em que o clube está mergulhado.
segunda-feira, outubro 17, 2005
Sir Mourinho
O homem de Setúbal aprendeu com os melhores, mas o seu segredo não residirá na coabitação com grandes treinadores. Ao que se percebe, de longe, o seu método de trabalho reside na planificação, ao milímetro, de todas as varáveis de jogo. Ele tenta reduzir para zero os imponderáveis. Passa tempos infinitos a analisar os adversários e a criar os antídotos para os neutralizar. Nada é deixado ao acaso, nem o perfil psicológico dos jogadores que defrontam o Chelsea.
Na própria equipa é feito um trabalho minucioso, quase picuinhas. Treinam-se os cantos, os livres, as reposições da bola em campo, tudo… E o resultado vê-se a cada fim-de-semana. Tudo parece fácil na hora de marcar golos. Mas, essa facilidade aparece com horas de planeamento das jogadas, ditas de laboratório, e depois de muito treino.
Ao ver os “blues” em campo, vê-se uma máquina plena de táctica e de sentido de jogo. É raro ver-se um jogador desorientado. Cada um reconhece o seu papel e a sua função passa, muitas vezes, por ajudar os colegas. A máquina falha pouco, muito pouco, dizem os adversários.
Na presente edição da Liga Inglesa, os londrinos já lideram com grande avanço. Em nove jogos, outras tantas vitórias. E a supremacia tem sido tão grande que uma empresa de apostas resolveu cometer uma excentricidade: a todos quantos apostaram no Chelsea campeão, foram pagos os prémios como se ele já o fosse. Isto é verdade e aconteceu à 8ª jornada. Parece que já ninguém duvida do talento do “modesto Mourinho”, como ironicamente é tratado pela imprensa britânica.
É claro que o português continua a ter críticos. À falta de outros argumentos, agora dizem que o futebol do Chelsea é chato. Parafraseando um comentador da SportTV no final do jogo com o Bolton “realmente, para os adversários deve ser chato: o Chelsea ganha sempre…”
Mas, mesmo em terras de sua Majestade, já há pouco quem duvide do talento e do génio de Mourinho. O domínio do futebol inglês é total e já está a acontecer com a selecção britânica aquilo que aconteceu com a portuguesa há dois anos: existe já uma espinha dorsal vinda directamente do Chelsea com John Terry, Frank Lampard e Joe Cole. Será isto o início de mais uma etapa na carreira do português? É conhecida a sua ambição de se tornar seleccionador da Inglaterra. Quem o pode recusar?
Nos tempos em que treinava o FC Porto, os nossos intelectuais da bola auguravam-lhe fraca sorte em campeonatos mais competitivos. Vemos, agora, que aconteceu precisamente o contrário. Bateu todos os recordes de invencibilidade em Inglaterra e ninguém sabe como vencê-lo. Em Portugal, já não tem críticos, o que mostra bem que o não queriam atacar mas antes ao clube que treinava. E em Inglaterra é só uma questão de tempo até que todos se rendam.
Está a ser criado um mito. Bem poderão dizer que o segredo é a questão psicológica e a mentalização vencedora de cada jogador. Por mim, acho que tudo passa por um profissionalismo nunca visto no futebol e uma abordagem matemática/económica de minimização das variáveis imponderáveis do jogo e da maximização dos activos (competência técnica e táctica de cada jogador).Mourinho, sem o ser, já é um sir.